Segundo um estudo desenvolvido pela Harvard Medical School (HMS), os micróbios presentes no corpo humano podem revelar muito sobre o futuro da saúde das pessoas. De acordo com dois estudos recentemente realizado pela HMS, o nosso “microbioma”, uma mistura de micróbios presente em nosso intestino, pode revelar a presença de doenças de forma bem mais efetiva do que os nossos próprios genes, podendo até prever qual o risco de uma pessoa morrer nos próximos 15 anos.
No primeiro estudo, os pesquisadores revisaram 47 teses que analisavam associações entre os genomas coletivos dos micróbios intestinais e 13 doenças comuns. Isso incluía esquizofrenia, hipertensão e asma, todas consideradas “complexas” porque são causadas por fatores ambientais e genéticos. Eles então compararam os resultados com outros 24 estudos da Associação Genômica (GWA), que correlacionavam variantes genéticas humanas específicas com doenças.
A equipe relatou no artigo, que foi publicado este mês, que a assinatura genética dos micróbios intestinais foi 20% melhor em detectar uma pessoa saudável e um doente do que os genes. O microbioma foi 50% mais eficiente do que os estudos da GWA em prever se alguém tinha câncer colorretal. O perfil genético de uma pessoa só superou o microbioma ao prever se alguém tinha diabetes tipo 1.
Embora o autor do estudo, Braden Tierney, admita que a análise seja preliminar, ele diz que o trabalho pode beneficiar muitas pessoas. “Podemos usar o microbioma e a genética humana para melhorar a qualidade de vida dos pacientes identificando marcadores-chaves nos dois conjuntos de genomas que possam ajudar a diagnosticar essas doenças complexas” disse ele.
No segundo estudo, os pesquisadores analisaram a ligação entre o microbioma de uma pessoa e sua vida útil. A análise aproveitou um estudo finlandês que coletou dados de saúde de milhares de participantes desde 1972 que, desde 2002, que coleta de participantes amostras de fezes sequenciadas. Os dados revelaram que indivíduos com uma abundância de bactérias “Enterobacteriaceae” – uma família de bactérias potencialmente infecciosas que inclui Escherichia cole e salmonela – têm 15% mais chances de morrer nos próximos 15 anos, relatou a equipe.
Em ambos os estudos, ainda não está claro por que o microbioma está ligado à morte e a doenças. A suspeita é de que é possível que os micróbios estejam causando problemas e diminuindo o tempo de vida de alguém. Outra hipótese
é de que eles possam estar refletindo algo de errado que esteja acontecendo no organismo. De qualquer maneira, para Tierney, médicos e cientistas que desejam ajudar a prevenir e tratar doenças humanas “devem prestar muito mais atenção a esses pequenos residentes em nosso corpo”.