Adélio está preso na Penitenciária Federal de Campo Grande desde 2018 após esfaquear o ex-presidente Jair Bolsonaro
A juíza Cíntia Letteriello, titular da 2ª Vara da Família e Sucessões de Campo Grande, negou a curatela provisória de Adélio Bispo de Oliveira à irmã, Maria das Graças Ramos de Oliveira. Adélio é acusado de esfaquear o ex-presidente Jair Bolsonaro, no dia 6 de setembro de 2018.
Conforme noticiado pelo jornalista Joaquim de Carvalho, repórter do site Brasil 247, a decisão de negar a curatela (mecanismo de defesa e proteção a menores ou pessoas que não tem capacidade jurídica para manifestar sua vontade) foi tomada em audiência no dia 17 de abril deste ano. Adélio está preso na Penitenciária Federal de Campo Grande desde setembro de 2018.
Maria das Graças e seus advogados, Edna Teixeira e Alfredo Marques informaram à juíza que a curatela foi solicitada, pois o irmão é considerado inimputável pela 3ª Vara Federal de Juiz de Fora. Além disso, conta com a Defensoria Pública da União em sua defesa.
De acordo com o jornalista, Maria das Graças tenta aproximação com o irmão desde janeiro de 2022, e já tentou realizar cadastro na Penitenciária Federal para visitar Adélio, entrou em contato com o defensor público. Em junho de 2022, os advogados de Maria conseguiram providenciar o cadastro, que foi deferido após o primeiro turno das eleições presidenciais.
Em março de 2023, foi autorizada a visita presencial de Maria com seu irmão, ela perguntou a Adélio se poderia levar o pedido de curatela adiante, e ele respondeu que sim. De acordo com Joaquim, a decisão da juíza de negar o pedido tem como fundamento um relato oposto ao que foi contado pela irmã de Adélio.
Trecho da decisão da juíza:
“Durante a entrevista, o curatelando afirmou, por diversas vezes, que não deseja que a sua irmã Maria das Graças, ora requerente, obtenha sua curatela, pois acredita que necessita de um “auxílio afetivo” (sic) que outros parentes têm melhor condições de lhe dispensar. Indicou o nome de seu sobrinho Marciton Ramos Neves e de sua irmã Maria Aparecida Ramos de Oliveira (nome de casada) ou Maria Aparecida Bispo de Oliveira”, disse Letteriello.
“Também, citou o nome de sua sobrinha Jussara Ramos, porém, disse que a autora havia dito na visita que aquela falecera. Quando perguntado por qual motivo, então, teria a sra. Maria das Graças requerido sua curatela, o sr. Adélio afirmou que não sabia o motivo, até porque a autora era a irmã em maior situação de vulnerabilidade financeira, dentre todos os outros irmãos, acrescentando que não sabia informar com que recursos ela teria vindo a Campo Grande para a visita na penitenciária”, proseguiu a juíza.
Após a decisão, o jornalista informou que, na última sexta-feira (19), Maria das Graças compareceu à Defensoria Pública da União em Montes Claros, para uma visita virtual, como outras já realizadas, mas o encontro foi recusado por Adélio pela primeira vez.
O repórter diz que entrou em contato com a juíza, por meio do WhatsApp oficial da Vara, conforme orientação da assessoria, a fim de questionar a ausência dos advogados de Maria das Graças na última entrevista com Adélio e a decisão de conceder a curatela provisória a um defensor público, quando a irmã já havia entrado com a demanda.
Trecho da mensagem do repórter:
“Tive acesso também ao termo da entrevista em que a Dra. Cíntia relata que Adélio Bispo de Oliveira teria rejeitado a concessão da curatela à sua irmã Maria das Graças Ramos de Oliveira. Essa rejeição contrariaria manifestação de Adélio feita à própria irmã, por ocasião de sua visita presencial ao presídio, conforme esta disse em entrevista realizada por mim”, informou.
“Não estaria havendo pressão para que ele continue submetido ao poder do Estado quando uma parente próxima pretende assumir sua curatela?”, questionou o repórter.
Conforme Joaquim, as respostas do WhatsApp usado oficialmente pela juíza foram “Dusahsudejefisnedjxje” e “Djf de ldj da as hfhfdhg”. Ao considerar a mensagem como deboche por parte da magistrada, o jornalista respondeu. “Fui orientado por sua assessoria a entrar em contato por este canal, que a senhora responderia. Lamentavelmente, a sua resposta foi uma zombaria, pelo que entendi”, relatou.
Em seguida, Joaquim recebeu em resposta: “A dra Cintia está em audiência. Assim que terminar, vou informá-la do seu contato. Com qual assessora o sr recebeu essa orientação?”.
Ao questionar com quem estava falando, o jornalista não recebeu mais respostas.
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CRÉDITO: CORREIO DO ESTADO